segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Publicidade Associativa


A gente já tinha até esquecido do HelicóPTero, mas, o Governador Binho Marques, reascendeu o assunto num programa de TV, dizendo que:

- Enxergar uma estrela do PT no helicóPTero é um problema sério de visão, de miopia. O cara vem de fora, não conhece o Acre, não conhece o agente...

Eu tinha dito que era um caso de Mensagem Subliminar, mas, estudando melhor a situação, vi que não é um caso de “mensagem subliminar”, o enorme e feioso estrelão que colocaram no HelicóPTero do governo, está mais para um caso de “Publicidade Associativa”. A “mensagem subliminar” é algo sutil e subentendido, o estrelão da aeronave, que segundo diz o pessoal do governo “significa a estrela contida na Bandeira Acreana”, que representa “o sangue dos acreanos que morreram para libertar o Acre da Bolívia”, de “sutil e subentendido” não tem nada, é “explícito” mesmo. Diga o Governador Binho o que quiser. Chame os outros do que quiser. “O pior cego é o que não quer ver”. Que é o caso dele. Os “outros” do governo que o fazem é por puro puxa-saquismo.

Os anúncios de bebidas alcoólicas em geral são sempre acompanhados de grupos de jovens, belos e bem vestidos. A associação é imediata com juventude e beleza e liberdade.

Um automóvel se anuncia e se associa com êxito, beleza e virilidade, força e sucesso.

Os produtos para o lar são anunciados por famílias felizes e completas, com pai, mãe e filhos, que vivem em uma casa boa, que indica a posição social a que “presumivelmente” pertencem.

Estes “esquemas” publicitários são usados para estimular o “desejo” subconsciente das pessoas de consumir coisas.

Muito usado em marketing a Propaganda Associativa incentiva fortemente as pessoas e estimula seus sentidos e desejos.

A consciência humana “guarda” muita coisa e por associação cria definições pré-estabelecidas que são usadas para “definir” o pensamento.

Quando vemos um Papai Noel, logo o associamos ao Natal, mesmo ele estando vestindo roupas inadequadas para o nosso clima e cercado invariavelmente de neve. Quando vemos o símbolo da suástica nazista, não pensamos no Papa, mas, em Hitler; quando vemos azul e vermelho juntos, logo associamos, “aos americanos”; qualquer imagem do Cristo Redentor é imediatamente associada ao Rio de Janeiro; ninguém pensará no Japão ao ver a Torre Eiffel; muito menos na Austrália ao ver a Praça Vermelha; nenhuma pessoa associa a Estátua da Liberdade com o Iraque ou Irã. Estes são apenas alguns exemplos de coisas que pela simples visão definem lugares, pessoas, cidades.

Verde e amarelo lembrarão sempre o Brasil, mesmo que outros países os usem; a foice e o martelo sempre nos trarão lembrança do “comunismo”; o tucano não nos lembrará do PSC, mas, do PSDB; a estrela vermelha “sempre” nos lembrará do PT.

No Acre, quem se lembrará de Xapuri sem recordar Chico Mendes? Quem olhará para a “castanheira do Jorge” sem lembrar dele? Por aqui, quem verá uma bandeira vermelha, mesmo lisa, sem fazer uma imediata associação com o PT? E, uma azul com a oposição? Quem poderá falar de Cruzeiro do Sul sem se lembrar de “farinha de mandioca”? É impossível para os que têm mais de 50 anos de idade, passar pelo Conjunto Manoel Julião sem o associarem à Flaviano Melo. Quem passa pela Via Verde e pela Terceira Ponte, lembra-se logo de Jorge Viana. Quem vai ao Aeroporto Velho, o bairro, lembra-se logo de Guiomard Santos. Vermelho e preto logo nos lembra do Juventus e vermelho e branco o Rio Branco.

São associações que são feitas pela nossa mente, a gente queira ou não.

Voltando ao assunto do HelicóPTero do governo, o Governador Binho queira ou não, o estrelão vermelho está lá, dominando a pintura do aparelho e enfeando a aeronave e não foi colocada lá para “simbolizar o sangue dos acreanos mortos para libertar o Acre”, foi colocado para “simbolizar e associar ao Partido dos Trabalhadores” que é quem governa o Estado do Acre e para lembrar a quem o vir “das coisas boas que o PT faz pelo Acre”. A pintura do aparelho não tem nada a ver com a Bandeira Acreana. Parafraseando o governador: “só vê isso (a bandeira) quem “é” míope”, pra não falar outra coisa. Acho que, já que o HelicoPTero é da Frente Popular, os outros aliados deveriam “exigir” que os símbolos de seus partidos também estivessem pintados nele.

Seria também melhor se o governador dissesse: “o HelicóPTero é do governo do Acre, que é do PT e a gente pinta ele da cor que quiser, quando a oposição estiver no poder, que pinte de azul”, do que ficar tentando explicar o inexplicável, inventando histórias pra boi dormir. Que representa isso ou aquilo. Representa apenas o descaso com a coisa pública, o uso da máquina administrativa e bens públicos em causa própria, no caso do partido e o descaso da Justiça Eleitoral que deveria exigir a retirada da estrela do PT de um bem público.


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